Segunda, 29 Abril 2024
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José Ítalo Carneiro Portela

José Italo Carneiro Portela (Coreaú) - Desde criança, no início de Brasília, atende na Mercearia Portela.

José Ítalo Carneiro Portela, nasceu em 03.12.1949, no distrito de Ubaúna, em Coreaú, zona Norte do Ceará, a 270 quilômetros de Fortaleza. Ubaúna está quase do tamanho de Coreaú e fica no eixo da BR 222 que vai de Sobral, Aprazível, Ipueiras, Ubaúna e Freicheirinha.Casado com Maria Marlúcia, há 35 anos - apaixonado convicto até hoje como faz questão de anunciar-, chegou a Brasília aos sete anos, em 1956, com o pai, Ildefonso. Uma família com 20 filhos, sendo nove adotados. No NúcleoBandeirante mora um grande clã dos Carneiro Portela,vindo do Ceará.Desde o inicio de Brasília,a Cidade Livre , como ants foi chamado,recebeu brasileiros de todos os quadrantes. Lá foi instalado o1o.ospital,o 1º.colégio,a1a. igreja e todas as invasões que foram depois transferidas para a Ceilândia.

 

Desde criança, José Ítalo ajudou o pai na Mercearia Portela, primeiro no Mercado Diamantina, que sofreu um incêndio, na década de 1970. Construído em novo local, no ano de 1979, os comerciantes do mercado incendiado tiveram a oportunidade de comprar da Terracap uma loja no Mercado Público do Núcleo Bandeirante, cidade-satélite de Brasília. Ali foi o sucessor do seu pai no empreendimento. A sua irmã, Sônia Machado, o ajuda no trabalho e o irmão, José Tupinambá Carneiro, possui loja de ferragens ao lado da mercearia, aonde comercializa penico, lata de óleo vazia, cuscuzeiro, marmita de alumínio, panela de ferro batido, produtos pouco encontrado nos mercados comuns.

 

Com uma freguesia fiel, comercializa a granel, maneira de se comprar os produtos em saca, pesado a quilo, na frente do freguês. E ali se compra feijões, farinhas de várias procedências – tudo muito bem catado como ele faz questão de ressaltar e os clientes só têm que lavar quando chegar em casa. Muitas variedades de rações para pássaros tipo papagaio, arara, sabiá, pássaro preto, canário belga etc., e também, para cães e gatos. O que mais vende é feijão e farinha, devido ao grande número de nordestinos na cidade, mas oferece carne de charque, e doces de geleia de mocotó a doce de leite. Comercializa cachaça também.

 

Sobre a concorrência dos supermercados e concorrentes, garante que a tradição e variedade dos produtos asseguram a freqüência dos fregueses. Trabalha das sete às 19 horas e mesmo considerando que o Mercado Central do Núcleo Bandeirante perdeu algum público ao passar do tempo, as lojas, como a sua, se mantêm porque acompanharam as mudanças do tempo.

 

Aos 64 anos, comemora a fidelidade da freguesia da Mercearia Portela, que tem uma variedade de produtos muito grande. Brinca, afirmando que o melhor cliente é aquele chato, exigente, mas paga sempre, e à vista. Já o pior é aquele muito atencioso, mas deixa a conta no fiado ou dá cheque sem fundo.

 

A família Carneiro Portela veio para Brasília porque a cidade era tida como o “Eldorado” do País, Ítalo, que só é conhecido como Portela, assegura que a cidade é a sua vida, mas, agora, está prestes a se aposentar e, quando conseguir, vai voltar para Ubaúna, porque hoje falta ordem urbana em Brasília– “tem muita gente doida, especialmente no trânsito, é uma correria muito grande”.

 

Pai de três filhos, (Tiago, Diogo e Davi, de 34, 33 e 32 anos, respectivamente), Dos três filhos, apenas Tiago trabalha no seu comércio. Portela fez amigos, clientes e acumulou muitas alegrias no Mercado do Núcleo Bandeirante. Uma das maiores é seu neto, Ildefonso, já com 16 anos. Com satisfação diz que formou todos os filhos aqui. Lembra que fez bom patrimônio, gosta do Núcleo Bandeirante porque teve ali a oportunidade para o sucesso.

 

Garante que nunca foi ambicioso e vê como papel do ser humano no mundo ajudar-se a si mesmo e aos outros. “Aí você é feliz”, conclui. (JLMJ)