Segunda, 29 Abril 2024
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José Ernane Pinheiro

 Padre José Ernane Pinheiro (Jaguaretama) - 17 anos ao lado de dom Helder, no Recife

 

Memória e Missão. Experiencias de Vida” é o livro de memórias do padre José Ernane Pinheiro (Riacho do Sangue, Frade, hoje Jaguaretama) filho de Francisco Antonio Pinheiro e Maria NilzetePinheiro, o segundo dos dez filhos do casal: Francisca Francisete, José, Francisca Fanny, Maria Erbenem Maria Gleuca, Sebastiana, Manuel Joatan, Francisco Geovani Maria Goretti, Maria de Fátima ,Francisca Francineide, NailaJoatanm . D. Maria morreu de parto aos 43 anos. Francisco viveu 82 anos. O livro foiapesentado por seu amigo de fé e vida, cardeal Emérito de Brasília, dom José Freire Falcão.

 

 

 

Quando d,,Maria morreu, Francisco ficou com seis filhos menores. Quatro completaram o primário em Jaguaretama ,e foram para Fortaleza.

 

 

 

Ernane alfabetizou-se com Aldery Fernandes Pinheiro,Maria Meirelles, sr. Barreto e Abaniza Cavalcante. Dali partiu para o Seminario Menor de Limoeiro do Norte, Santo Cura D,ars, com11anos,onde chegou a cavalo com seu pai.O Seminário era dirigido pelos padres lazaristas holandeses que “transportavam a estrutura de formação da Holanda para o interior do Ceará”. Dois padres brasileiros contribuiram para mudanças no Seminário, Misael Alves e JoséFreire Falcão.

 

 

 

Frade passoua Jaguaretama após plebiscito liderado pelo padre Heitor de Matos Montenegro.Seu argumento: “as moças da cidade que estudam em Fortaleza se constrangem em dizer que são filhas naturais do Frade”.O nome viera da Fazenda dos Frades Carmelitas.

 

 

 

Em 25 de março de 1955, Ernane perdeu sua mãe ‘que tinha umcarinho especial pelo filho seminarista. “Chamava-me de “meu padreziho”.

 

 

 

Ainda em 1955, concluiu o seminario Menor em Limoeiro do Norte e foi para o Seminario Maior ,em Fortaleza, onde ficou até1960, indo para Roma, estudar o Colegio Pio Brasileiro, dirigidopelos jesuitas, fundado pelo Papa Pio XI e depois na Universidade Gregoriana, que tinha 3 mil alunos.

 

 

 

 

 

 

 

Ao deixar Roma, foi para Chauny, na França, viver como operário metalúrgico, com uma equipe de padres daMission de France, valendo-se do “clima do Vaticano II, que propunha m novo tipo de padre, para melhor responder às exigências da nova eclesiologia – mais próximo do povo,mais sensivel aos sinais do tempo”.Uma conversa comdomJosé Delgado, arcebispo de Fortaleza, tornou possível a experiência em Chauny, com 12 milhabitantese 12 grandes fábricas. Começou numa de móveis, onde enfrentou o trauma da demissão, e depois na metalúrgica Blaw Noxs , com carga horária de 10horas e onde exercitou sua vivência operária. Ao final do estágio, participou em Paris do curso intensivo do Instituto de Economia e Humanismo, com a presença do seu fundador, Padre Lebret.

 

 

 

Em 1965, voltou ao Brasil, com escalas no Recife,João Pesoa, Natal e Fortaleza, encontrando pai, irmãos ,irmãs, tios e parentes. Voltou a Limoeiro do Norte,apresentou-se ao bispo dom Aureliano Matos e reencontrou o padre Jose Freire Falcão. Ordenou-se padre em 5 de dezembro de 1965, nos 150 anos de Jaguaretama.

 

 

 

Em 1966, estava no Seminário da Prainha em Fortaleza, como pároco da Igreja da Prainha, participou da “Semana do Povo de Deus “,que trouxe a Fortaleza dom Helder Câmara, então Arcebispo do Recife, chamado de “Bispo Vermelho” .Como o Seminário da Prainha foi desativado , optou ir para o Recife, trabalhar no Seminario Regional Nordeste II.

 

 

 

Ficou no Recife ao lado de dom Helder Camara, de 1967 a 1986, 19 anos. “Ao contrário da cultura cearense, que cria laços de amizade imediatamente, precisei de seis meses para ser convidado , por uma família do Recife, pela primeira vez para ir a sua casa”.Integrou-se no Seminario do Recife , em Camaragibe,ao movimentode renovaçãoda Igreja. Enfrentou com toda a Igreja do Nordeste a crise de vocações sacerdotais, nosprimeiros anos da década de 70, revertida a partir da década de 80. Foi Vigário Episcopaldos Leigos em 1969 e “participou dospassos e contratempos” do assassinato do padre Antonio Henrique Pereira Neto,em 1969”, torturado,assassinado, com sinais de enforcamento. Cruel. No final de 1969,como assistente da Ação Católica Operária-ACO, foi ao Chile participar de um Curso do Conseho EpiscopalLatinoAmericano-CELAM,onde assistiu aos primeiros ensaios da Teologia da Libertação.

 

 

 

Em 04.11.1969, estava no vôo da VARIG727, para Santiago.Embarcou no Rio .Em Buenos Aires, entraram muitosjovens. Foi anunciadosequestro e que o avião chegaria a Santiago, só para reabastecimento, mas que seria desviado para a Havana.Complicado. Voltou a Santiago,fez o curso, Retornou ao Recife,depois de passar por Crateus e cumprimentar domJoséFragoso.No Recife, foi surpreendido com aexpulsão do padre frances José Coblin, do Instituto de Teologia do Recife, por subversão.Agressão.Em 1972, foi para Quito participar de um curso oferecido pelo CELAM, no Instituto de Pastoral Latino Americana (IPLA).

 

 

 

De 1974 a 1979, foi coordenador da Pastoral da Arquidiocese de Olinda e Recife, teve o seu secretariado invadido por militares em operaçãode busca e apreensão,mas foram repelidos por dom Helder. Enfrentou dificuldades pessoais. “Os anos 70 foram de fatomuito sofridos. Vivemosuma década ionde tudo estava em ebuliçao. Faltava clareza nos horizontes, tanto da sociedade como da Igreja”.

 

 

 

Em 1980, padre Ernani esteve na Faculdade de Teologia, dirigida por um colega de Roma, padre Beni Santos, NossaSenhora da Assunção em São Paulo para “uma reciclagem”, com a concordância de dom Helder.Em 1981, voltou ao Recife para dirigir o Instituto de Teologia do Recife., onde ficou até 1986, final da missão apostólicade domHelder Câmara, que completou 75 anos, sendo substituído por dom José Cardoso.

 

 

 

Em 1986, chegou a Brasilia e por 10 anos atuou como Assessor do Setor Leigos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, a convite de dom Luciano Mendes de Almeida.

 

 

 

Em 1987, esteve em Roma, participando do Sinodo dos Leigos.Na volta , entre 87 e 88, foi também Assessor da CNBB na Constituinte, com uma equipe.

 

 

 

Em 1990, festejou seus 25 anos de padre em Brasilia, Recife, Fortaleza e Chauny, na França.

 

 

 

Em 1996, esteve para voltar a Limoeiro do Norte mas acabou nomeado diretor do Centro Cultural Missionário, em Brasília, organismo de formação missonária da CNBB , `a altura da dimensão missionária da Igreja no Brasil.

 

 

 

Em 2001, participou, em Roma, das comemorações dos 40anos da turma do Pio Brasileiro. Ao retornar ao Brasil, retornou à CNBB como Assessor Político, a convite dom Jaime Chamello. Foi membro da Comissão de Ética Pública, da Presidência da República, representando a CNBB.

 

 

 

Em 2003, a CNBB criou o Centro Nacionalde Fé e Politica dom Helder Câmara, CEFEP, entregou ao seu comando.

 

 

 

No governo do Presidente Lula, teve participação nas consultas entre a CNBB e o governo.

 

 

 

Em 2005, voltou a Roma para os funerais de João Paulo II e comemorou os 40 anos de sacerdócio, na Casa do Clero, onde mora desde 2001,em Brasilia. (JBSG)